A chanceler alemã Angela Merkel destacou recentemente que os maiores emissores de gases poluentes dentre as economias emergentes com crescimento mais acentuado, como China, Índia e Brasil, devem concordar em cortar suas emissões.
Segundo ela, as emissões mundiais de CO
2 este ano são as maiores já vistas e ainda não há acordo para a extensão do protocolo de Kyoto. O plano da Organização das Nações Unidas que obriga 40 nações industrializadas a cortar emissões de gases poluentes, expirará em 2012.
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Durban, África do Sul, começou em 28 de novembro, com presença de governantes, organizações internacionais e sociedade civil, buscando nas próximas duas semanas encontrar formas de reduzir a poluição e a emissão de gases que provocam o efeito estufa na atmosfera. Espera-se, neste período, determinar o futuro do protocolo de Kyoto.
Para atingir as metas do corte de emissões, o protocolo possui três mecanismos: a troca de emissões entre países com metas a cumprir, a implantação de projetos conjuntos para reduzir emissões e o chamado MDL, ou Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que permite que os países que possuem metas a cumprir invistam na redução de emissões nos países em desenvolvimento em vez de reduzir as suas próprias.
Sob o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas, que reconhece um dever maior dos países ricos pelo combate ao aquecimento global, por terem contribuído mais para ele e por terem mais condições de pagar, o protocolo não fixou metas de emissão para os países pobres e em desenvolvimento.
Nações ricas estão relutantes em definir cortes maiores nas emissões de gases após 2012 caso as maiores nações em desenvolvimento também não se comprometam com esta redução. Já os países em desenvolvimento querem reduções mais profundas das emissões das nações ricas.
Nesta linha de raciocínio, em 2001, os Estados Unidos deixaram de ser signatários do Protocolo de Kyoto, alegando que a sua implementação prejudicaria a economia do país. A falta de exigências para os países em desenvolvimento reduzirem as suas emissões também foi citada como motivo da não adesão.
A Organização Mundial de Meteorologia divulgou que China, Brasil e Índia alcançaram níveis de emissão recordes em 2010.
Os países emergentes, como signatários, precisam manter a ONU informada do seu nível de emissões e buscar o desenvolvimento de estratégias para as mudanças climáticas.
As emissões chinesas vêm crescendo muito nos últimos 10 anos, na medida em que o país construiu diversas usinas de carvão para fomentar seu crescimento econômico. Em 2010, o país tornou-se o maior consumidor mundial de energia, aumentando o consumo em 11,2%. Paralelamente, o crescimento global foi de 5,6%. Segundo dados do Instituto de Recursos Mundiais (WRI, na sigla em inglês), os chineses estão em segundo lugar no ranking dos maiores poluidores do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
Angela Merkel complementou que as economias emergentes não estão preparadas para entrar em acordos internacionais vinculativos de redução das emissões. Ainda segundo a chanceler alemã, isto significa que infelizmente, o mundo está entrando numa etapa em que economias emergentes importantes não estão contribuindo apropriadamente para um ambiente sustentável.
Países em desenvolvimento, como o Brasil, defendem que a meta de redução de 5,2% deve ser seguida e criticam o fato de a maioria das nações industrializadas, os maiores poluidores históricos, recusarem-se a aceitar que o acordo seja a única solução para a crise climática. O acordo não pode ser visto de forma isolada, e sim como uma ferramenta importante para a minimização dos problemas ambientais.
A meta de 5,2% de redução foi estipulada no início da implementação do protocolo de Kyoto, nos anos 90. Passada mais de uma década, a configuração global da economia está mudando, assim como os padrões de consumo da população mundial e os níveis de industrialização dos países, porém o mesmo não aconteceu com a meta de redução de poluição do protocolo.
Os países, principalmente os emergentes, estão poluindo mais e visto seu grau crescente de responsabilidade e participação, como um todo, na economia global, verifica-se também a necessidade de maior responsabilidade por parte dos mesmos com a sustentabilidade ambiental, através da elevação da meta de redução de emissões e fixação das mesmas para todos os países signatários, indistintamente.
Fonte:
Reuters. Por Redação. 23 de novembro de 2011
Traduzido, adaptado e comentado por Pamela Alves, analista júnior da Scot Consultoria.
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